FCCR promete mais diálogo e ampliação da participação da comunidade

19/03/2013 12:19

 

Saviver entrevista Alcemir Palma, presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo - FCCR.

 

Alcemir Palma

 

Até 1985, a política cultural de São José dos Campos era gerida pelo então Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal. Em novembro daquele ano, devido à grande movimentação da sociedade em prol de uma instituição cultural com maior autonomia, foi aprovada a lei municipal nº 3.050, autorizando a criação da Fundação Cultural, o que viria a ocorrer, de fato, em março de 1986.

 

Alcemir Palma, 45 anos, foi o escolhido pelo prefeito Carlinhos Almeida para estar à frente da presidência da Fundação Cassiano Ricardo – FCCR nos próximos 2 anos. Ele disputou a indicação com Georges Assad e Carlos Eugênio Baklos, todos indicados pelo Conselho Deliberativo.

 

Ele é sociólogo, formado pela PUC-SP, pós-graduado em Gestão de Projetos Culturais e Organização de Eventos pela ECA/USP, e também é escritor. Tem uma vasta experiência na área de cultura, pois foi diretor da Fundação Cultural de Jacarehy, conselheiro tutelar em São José (1998- 2001), agente cultural e coordenador regional na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (1990-92) e chefe do Depto Descentralização da FCCR (1993-96).

Deve administrar a FCCR com uma verba de R$ 18,8 milhões, previstas para este ano, devendo zelar por 11 espaços culturais, 3 bibliotecas, 1 arquivo público, 2 museus, 1 Centro de Estudos Teatrais, 1 Estúdio de Som, 1 Galeria de Arte e 1 teatro.

 

Jornal Saviver- Sobre as nomeações do Diretor Administrativo e de Cultura, já tem os nomes?

Alcemir Palma - Nomeei, interinamente, uma pessoa para o cargo de diretor administrativo, com o objetivo de conduzir algumas questões inadiáveis. O diretor de cultura já está definido e em breve iremos divulgar oficialmente, assim como os demais cargos da FCCR.

Jornal Saviver - E sobre o Conselho Deliberativo? Existe uma tendência a manter os mesmos 27 representantes?

Alcemir Palma - Vamos enviar os convites para as entidades para escolher o novo conselho. Não tenho como saber se serão as mesmas pessoas porque as entidades indicarão os nomes que melhor lhes convier. As escolhas não dependem de mim, e por essa razão, torna o processo mais democrático, e a FCCR mais transparente na condução de suas atividades.

Jornal Saviver - Os artistas reclamam muito da situação do atual teatro municipal, pela dificuldade de fazer a montagem do cenário das peças, pelo fato do teatro estar em um andar superior. Falam também do problema da dependência do horário do shopping para condução dos trabalhos. Assim, o que a FCCR pretende sobre o caso do teatro que foi construído invertido?

Alcemir Palma - No momento estamos aguardando decisão judicial, mas a ideia é fazer uma adaptação arquitetônica para ser utilizado daquela forma mesmo.  Queremos resolver o mais rápido possível porque tem o agravante da urgência porque pagamos um aluguel caro do atual Teatro Municipal, que fica localizado no Shopping São José, no Centro.

Jornal Saviver - E o caso do Cineteatro Benedito Alves? Em que situação encontra-se?

Alcemir Palma - Ele já foi devolvido à prefeitura, e está sob nossa responsabilidade. Embora, haja muitas outras demandas urgentes, pretendemos sim retomar suas atividades. Inclusive, eu e prefeito já estamos buscando verbas fora para fazer sua reforma.

Jornal Saviver - O que você pensa sobre o Fundo Municipal de Arte e Cultura? Pretende implantá-lo para financiar projetos culturais?

Alcemir Palma - No governo anterior havia uma política de culto a uma autossuficiência em diversas áreas, inclusive a de Cultura, ou seja, o governo deixou de pleitear verbas externas, e por essa razão, havia poucos projetos em desenvolvimento. Nós pretendemos aderir ao Sistema Nacional de Cultura, que hoje tem um projeto de lei tramitando no Congresso. Assim, o município que fizer a adesão, estará declarando que criará os seguintes instrumentos para fazer parte desse sistema: um órgão gestor, um conselho de cultura e, finalmente, o tão sonhado fundo.

Jornal Saviver- Há muita reclamação dos artistas na forma como se conduz a Lei de Incentivo Fiscal Municipal – LIF para projetos culturais. Você pretende mantê-lo como está ou fazer alterações no modelo utilizado?

Alcemir Palma - Em tese a utilização da LIF é boa.  A pessoa física ou jurídica interessada em incentivar um projeto cultural pode utilizar 50% do valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ou do Imposto Sobre Serviços (ISS) devidos à Prefeitura, e contribuir com outros 20% de recursos próprios. Entretanto, a Lei de Incentivo Cultural - LIC, modelo utilizado em Jacareí, pode trazer mais benefícios diretos, tanto para quem contribui, quanto para quem recebe. Mas, ainda vou analisar como faremos.

Jornal Saviver- Como está o quadro de funcionários da Fundação? Pretende fazer alguma alteração nesse sentido?

Alcemir Palma - Atualmente temos 65 servidores de carreira e 13 de livre nomeação (incluindo o presidente), há alguns emprestados das secretarias da prefeitura e outros que são estagiários. Realmente, pela demanda que temos, é um número extremamente reduzido. Talvez seja necessário rever o estatuto para regularizar a situação dos que aqui estão, em seguida, abrir um concurso público.  Mas, ainda estamos estudando a melhor forma e ouvindo as pessoas.

Jornal Saviver- Qual o modelo de cultura que você vislumbra, e que tipo de gestão será a marca de sua administração?

Alcemir Palma - Acredito em uma gestão integrada com outras secretarias, pois assim poderá gerar mais aproveitamento. Também faremos produção cultural de forma descentraliza por meio dos pontos de cultura.  Além disso, com mais financiamento poderá haver uma maior quantidade de projetos, consequentemente atingindo com mais eficácia os usuários. Sobretudo, neste governo haverá diálogo aberto e bons canais de informação.

Jornal Saviver- Explique melhor como pretende descentralizar as atividades culturais?

Alcemir Palma - Pretendo criar Pontos de Cultura, que são “pinçadas” em grupos culturais que já exercem função artística, sociocultural ou mobilizadora nas comunidades onde já estão inseridos. Depois de selecionados em edital público, recebem verba do MinC durante 3 anos, mais um kit multimídia com ilha de edição, filmadoras e câmeras digitais para registrar e difundir todo o processo. O movimento ganhou força, alastrou-se pelo Brasil e revelou vários brasis. Então, hoje entendo como fundamental que façamos parte e, por isso já estamos buscando verbas para essa finalidade. 

Jornal Saviver- Existem reclamações recorrentes de que falta informação sobre as atividades culturais na cidade. Até onde isso pode ser verdade, e se você pretende fazer algo no sentido de melhorar esse diálogo?

Alcemir Palma - Será necessário atualizar o site, utilizar-se de ferramentas modernas como o Facebook, cartazes em ônibus, os jornais da prefeitura e outros. Enfim, buscar ao máximo colocar as agendas de cursos, apresentações e oficinas a disposição da população para que participem mais. Afinal, tudo isso é feito por ela e para ela.