FABÍOLA MOLINA...Nossa eterna Campeã!!! - Exemplo de Mulher e Mãe, orgulho dos Brasileiros...

26/03/2015 18:57

Entrevista:

Jornal Saviver

 

FABÍOLA MOLINA...                        

Nossa eterna Campeã!!!

Exemplo de Mulher, orgulho dos Brasileiros...

A nadadora Joseense Fabíola Molina, referência feminina da seleção brasileira de natação, marcou a história de nossa região, e continua transmitindo os valores do esporte, os quais podem transformar a vida de muitos jovens.

 

Foram 23 anos de disputas pelo Brasil e pelo mundo. Fabíola participou de três Olimpíadas, acumulou 67  títulos brasileiros, seis medalhas de prata em Jogos Pan-Americanos, entre eles o Pan-Americano de 2007, onde conquistou medalha de prata. Nossa atleta soma também 14 medalhas de ouro em Mundiais. Seu exemplo de dedicação e determinação ficará pra sempre como um grande legado a todas as gerações.

 

Fabíola se despediu das piscinas em Novembro de 2013, determinada a realizar um sonho tão importante quanto o de ser campeã: o sonho de ser mãe. No dia 18 de Dezembro de 2014, ela conquistou uma de suas maiores realizações, a alegria de trazer ao mundo Louise Maria, fruto do amor com o atleta olímpico Diogo Yabe, seu marido e grande incentivador.

 

Ela nos fala sobre o que o esporte significou na sua vida:

 

Saviver: Quais os maiores desafios que você enfrentou no esporte?

 

Fabíola: O desafio é sempre o de superar as dificuldades para atingir nossos objetivos. No começo da carreira senti certa falta de apoio em determinados momentos. Entretanto, depois de algum tempo, consegui o apoio que necessitava em São José dos Campos.

 

O maior desafio aconteceu quando fui morar nos Estados Unidos com 18 anos de idade. Na época não falava inglês e não conhecia ninguém, e também pesou o fato de ter que me afastar de minha família. Todavia, como estava em busca dos meus sonhos, optei por cursar minha faculdade nos EUA, onde fiz Artes Cênicas, e assim tive que aprender a lidar com uma nova cultura. Do mesmo modo, a adaptação a novos treinadores também trouxe desafios.

 

Lidar com preconceitos também fez parte da minha história. Quando fui para as Olimpíadas de Sidney, no ano de 2000, fui a única mulher a conseguir vaga, e naquela época as mulheres ainda não conseguiam resultados tão expressivos. Assim, tive que enfrentar a responsabilidade de mostrar a força da mulher no esporte, e provar que uma atleta é capaz de trazer bons resultados.

 

Em 2012, nas Olimpíadas de Londres, fui a atleta mais velha da natação mundial, e tive que aprender a superar a questão do preconceito com a idade. Felizmente, mesmo aos 37 anos, cheguei ao meu melhor e obtive uma significativa classificação.

 

Saviver: Qual o principal legado que o esporte lhe deixou?

 

Fabíola: O esporte me trouxe muitos aprendizados. Lições como comprometimento, disciplina e a luta por alcançar os objetivos com muita garra e determinação. Além disso, buscar excelência em tudo o que fizer, dando sempre o seu melhor.

 

Saviver: De quais projetos você participa hoje?

 

Fabíola: Participo hoje de projetos ligados a natação, vinculados à Prefeitura de São José dos Campos, que disponibiliza 14 piscinas públicas aquecidas. Juntos desenvolvemos um trabalho com a coordenação da DAEC (Divisão Atividades Esportivas Comunitárias).

 

Eu e Diogo visitamos essas piscinas, conversamos com as crianças, fazemos “clínicas” para eles, nas quais ensinamos os estilos de natação, conversamos sobre os valores principais que o esporte nos ensina, apadrinhamos as competições que acontecem quatro vezes por ano entre esses Intercentros, e também capacitamos os professores da rede pública, orientando-os sobre as novidades na natação, estilos e o máximo de informações que podemos compartilhar com aproximadamente 76 professores.

 

Saviver: Você conseguirá participar de todas essas atividades esportivas após a maternidade?

 

Fabíola: Pretendo continuar participando dessas atividades mesmo após a maternidade. Já temos uma programação que prevê a nossa participação nessas 14 piscinas da cidade.

Temos o planejamento desse ano, que inclui os Intercentros, onde realizamos palestras para compartilharmos nossa experiência no esporte. Já foram agendados previamente 18 eventos.

 

Saviver: Você acredita que o esporte pode transformar a vida de um jovem?

 

Fabíola: Com certeza. O esporte transforma a vida de um jovem, primeiro por ser algo muito prazeroso. Mas também por ser algo saudável, e possibilitar uma convivência com outras pessoas que tem o mesmo objetivo. Os valores que são passados pelo esporte são difíceis de aprender em outros lugares. A superação de desafios, a persistência, o companheirismo, e o esforço, buscando a excelência em tudo o que fizer. Todos esses valores aplicados na vida pessoal, podem realmente transformar a forma de enxergar a vida, e levá-lo ao sucesso.

 

Saviver: O nosso governo oferece condições para quem ser atleta?

 

Fabíola: Depende do governo. O nosso município, por exemplo, tem uma rede excelente de esportes, como mencionei anteriormente. Na natação temos 14 piscinas públicas aquecidas, e temos outros projetos também no basquete, judô, vôlei, e vários centros poliesportivos espalhados pela cidade.

 

A nossa cidade oferece estrutura para a prática do esporte com qualidade. Com certeza ainda não é o ideal, mas somos referência em vários aspectos esportivos. Sabemos que sempre podemos melhorar, principalmente em termos de governo federal. Existem alguns projetos de lei que possibilitam que os clubes mandem projetos para auxiliar os atletas, assim como as bolsas de estudos. O que atleta precisa é de estrutura para treinar, além de treinadores capacitados.

 

O que precisamos no nosso país, e que pediria aos nossos políticos em relação ao esporte, é a continuidade nos programas iniciados, o reconhecimento do que os atletas fazem pelo Brasil e que oferecessem a estrutura necessária para que o atleta permaneça na própria cidade, sem ter que buscar condições em outros lugares. Também acho importante a motivação e reconhecimento para os professores de educação física.

 

Saviver: Qual mensagem você gostaria de deixar aos nossos leitores?

 

Fabíola: Quero agradecer por todo carinho e torcida que me deram ao longo de minha carreira. Desejo que vocês continuem acreditando nos seus sonhos, acreditem em um mundo melhor, e não deixem de fazer o melhor só porque os outros não fazem, assim como não deixem de ser honestos porque outros não são. É preciso sempre buscar o nosso melhor, e essa é a maior mensagem que o esporte nos deixa. Mesmo quando estamos lutando contra a maré, não perdemos os nossos valores de dignidade, respeito, honestidade, paciência e amor.